domingo, 18 de março de 2012
Características dos Seres Vivos
Os seres vivos e a matéria bruta possuem propriedades diferentes. Os seres vivos são dotados
de um conjunto de características que não existem na matéria bruta (sem vida). Abaixo, comparados à
matéria bruta, os seres vivos apresentam:
Composição química mais complexa;
Organização celular, que vai muito além da organização dos átomos e das moléculas constituintes de toda matéria (viva ou bruta);
Capacidade de nutrição, absorvendo matéria e energia do ambiente para se desenvolver e manter suas funções vitais;
Reações a estímulos do ambiente;
Capacidade de manter seu meio interno em condições adequadas, independente dos fatores externos, como calor e frio;
Crescimento e reprodução, originando descendentes semelhantes;
Capacidade de modificar-se ao longo do tempo, através do processo de evolução, desenvolvendo adaptações adequadas à sobrevivência.
Esse conjunto de características depende da molécula de ácido nucléico, mais particularmente
do ácido desoxirribonucléico ou DNA. É ela que determina os pontos comuns e as diferenças entre os
seres vivos que habitam nosso planeta.
1. Composição Química:
Toda matéria existente no universo é feita de átomos. No centro do átomo há partículas com carga
elétrica positiva, os prótons, e partículas sem carga elétrica, os nêutrons. Girando com rapidez ao redor dessa região central, encontramos os elétrons, com carga elétrica negativa. Como o número de
prótons é igual ao número de elétrons, o átomo é eletricamente neutro.
A principal diferença entre dois átomos está no número de prótons. Esse número é chamado número atômico e identifica cada tipo de átomo. Assim, todos os átomos de hidrogênio têm um próton em
seu núcleo (número atômico 1); todos os átomos de carbono têm seis prótons (número atômico 6) e
assim por diante.O número atômico explica as diferentes propriedades físicas e químicas de cada átomo.
Visão simplificada de três átomos: o
átomo de hidrogênio, o átomo de carbono e o átomo de oxigênio. O átomo de
hidrogênio é o mais simples: possui
apenas um próton e um elétron. Lembrete : esquemas de átomos são sempre
modelos, já que, devido ao seu minúsculo tamanho, não se pode ver o interior
do átomo. 2
Os átomos se ligam uns aos outros e formam as moléculas. A molécula da água, por exemplo, é
formado por dois átomos de hidrogênio ligados a um átomo de oxigênio. A força que mantém os átomos unidos é chamada ligação química.
Na matéria bruta, os átomos estão agrupados em compostos relativamente simples, formando as
substâncias inorgânicas (também chamadas substâncias minerais), como a água, vários sais e gases e
os cristais de rocha. Nos seres vivos, além de substâncias inorgânicas encontramos substâncias orgâ-
nicas. As substâncias orgânicas são formadas por átomos de carbono que se unem, podendo formar
longas cadeias contendo outros átomos, como os de oxigênio, nitrogênio e, obrigatoriamente, de hidrogênio.
A matéria viva apresenta composição química mais complexa do que a matéria bruta: enquanto
um grão de areia é formado apenas por um tipo de substância – a sílica –, uma bactéria, apesar de ser
bem menor do que um grão de areia, possui água, sais minerais e diversas substâncias orgânicas, como proteínas, açucares, gorduras, ácidos nucléicos, entre outras.
2. Organização Celular:
Nos seres vivos, uma enorme quantidade de moléculas inorgânicas e orgânicas se reúne, formando
a célula. A célula é a unidade fundamental dos seres vivos, sendo capaz, por exemplo, de se nutrir,
crescer e reproduzir. Muito pequena – possui aproximadamente a centésima parte de um milímetro –,
só pode ser vista pelo microscópio.
As bactérias, os protozoários e alguns outros tipos de seres vivos são unicelulares; mas a maioria é
pluricelular. O corpo humano, por exemplo, contém mais ou menos 60 trilhões de células.
As células semelhantes, nos seres pluricelulares, se reúnem, com o mesmo tipo de função, formando um tecido.Tecidos semelhantes formam um órgão. Órgãos com funções semelhantes se organizam em sistemas ou aparelhos.O conjunto de sistemas forma um organismo.
No corpo humano, por exemplo, o conjunto de células nervosas forma o tecido nervoso. O encéfalo, a medula e os nervos formam o sistema nervoso, este responsável pela coordenação entre diferentes partes do corpo e pela integração do organismo com o ambiente.
Mas a organização dos seres vivos não
termina com a formação de um organismo.
Sabemos que os seres vivos interagem com o
ambiente, inclusive com os outros seres vivos. Organismos da mesma espécie agrupamse numa determinada região, formando uma
população. A população mantém, relações
com populações de outras espécies que habitam o mesmo local, formando uma comunidade. Uma comunidade representa o conjunto
de todas as espécies vivas que habitam determinado ambiente, como uma floresta. A comunidade influi nos fatores físicos e químicos
do ambiente – como chuva, o solo e a temperatura – e esse fatores também influi na comunidade.
O conjunto constituído por seres vivos, fatores físicos e fatores químicos, é chamado de
ecossistema, ex: uma floresta. E a soma de
todos os ecossistemas do planeta formam a
biosfera.
Os diferentes níveis de organização da matéria. De um nível para
outro, a complexidade e a organização aumentam. 3
Uma parte do alimento é usada pelo metabolismo, ou seja, na produção de novas moléculas, no crescimento e na renovação das
células do corpo. Outra parte é utilizada pelo catabolismo, ou seja, é destruída, tanto podendo produzir energia como ser eliminada. Ao conjunto de todas essas transformações químicas chamamos de metabolismo.
3. Nutrição, Crescimento, Respiração e
Metabolismo:
Um organismo vivo é instável e frágil. As proteínas e outras moléculas orgânicas presentes no ser
vivo se desgastam com o tempo. A estrutura do ser vivo só pode ser mantida à custa de uma substitui-
ção permanente de suas moléculas e de muitas de suas células.
A nutrição não só garante ao ser vivo a reconstrução das partes desgastadas, mas também a forma-
ção de novas células, durante o período de crescimento. Esse crescimento, que se faz pela multiplica-
ção de células no interior do corpo, é chamado de crescimento por intuscepção. Outra forma de crescimento é chamada de crescimento por decomposição ou aposição, um exemplo, é o cristal (matéria
bruta) que pode crescer pela adição de novas moléculas à sua superfície.
Boa parte dos alimentos digeridos serve como fonte de energia para o organismo. Várias moléculas orgânicas de alimento podem ser utilizadas como combustível, mas é mais vantajoso para o ser
vivo usar um açúcar, a glicose.
A glicose (C6H12O6) é uma molécula orgânica e reage com o oxigênio do ar (O2), transformandose em gás carbônico (CO2) e água (H2O). Nessa transformação, a molécula de glicose é quebrada,
liberando energia. Esta, por sua vez, é utilizada nas atividades do organismo, como o movimento, a
produção de calor, a transmissão de impulso nervoso ou a construção de grandes moléculas orgânicas
durante o processo de reconstrução ou crescimento do corpo. Esse processo de quebra da glicose chama-se respiração celular.
O organismo pode construir grandes moléculas formadoras de partes de células – esse processo é
chamado anabolismo (ana = erguer), que são transformações de síntese ou construção.E quebrar moléculas de alimento, obtendo energia – processo denominado catabolismo (cata = para baixo), que são
transformações de análise ou decomposição.
O conjunto dos dois processos é chamado metabolismo (metabole = transformar).
Nutrição Autotrófica e Heterotrófica:
Nutrição Autotrófica (auto = próprio; trofo = alimento):
Realizada apenas pelas plantas, algas e por certas bactérias. O organismo é capaz de produzir todas as
moléculas orgânicas do seu corpo a partir de substâncias inorgânicas que retiram do ambiente, como o
gás carbônico, água e sais minerais. O organismo vegetal usa a energia do Sol, que é absorvida pela
clorofila. Esse fenômeno, chamado fotossíntese, produz substâncias orgânicas para o organismo e
libera oxigênio na atmosfera. 4
Nutrição Heterotrófica (hetero = diferente):
Os animais, os protozoários, os fungos e a maioria das bactérias não são capazes de realizar fotossíntese. Esses seres precisam ingerir moléculas orgânicas prontas.
4. Estímulos ao Ambiente:
Todos os seres vivos são capazes de reagir a estímulos ou modificações do ambiente, ou seja,
todos possuem irritabilidade.
Nos vegetais, as reações aos estímulos costumam ser mais lentas do que nos animais, por exemplo, pelo crescimento do caule em direção à luz ou pelo crescimento das raízes em direção ao solo. Esse fenômeno vegetal de irritabilidade é chamado tropismo.
Em algumas plantas, como a sensitiva ou dormideira, a reação pode ser mais rápida: um simples contato externo provoca o fechamento das folhas em segundos. Esse fechamento se deve à diminuição na pressão da água existente numa dilatação na base das folhas. Mecanismos semelhantes ocorrem com plantas carnívoras, que capturam pequenos animais.
Todos os seres vivos têm irritabilidade, mas só os animais possuem sensibilidade. Sensibilidade é a capacidade de reagir de diferentes formas aos estímulos ambientais.
As formas que os seres vivos têm de reagir ao ambiente são adaptativas, isto é, são formas que
contribuem para a sobrevivência ou a reprodução da espécie.
5. Homeostase:
A propriedade do ser vivo de manter relativamente constante seu meio interno é chamada homeostase. O ser vivo não muda sua composição química e suas características físicas.
Com a homeostase conseguimos manter constantes, por exemplo, a temperatura, a quantidade
de água no organismo e a concentração de diversas substâncias presentes no corpo.
A homeostase é importante para a manutenção da vida. Se o nosso ambiente interno mudar
muito, ficando, por exemplo, excessivamente quente ou muito frio ou demasiadamente ácido, as rea-
ções químicas podem parar e o indivíduo morre.
6. Reprodução e Hereditariedade:
Se a temperatura do corpo começa a aumentar muito, uma mensagem do cérebro estimula a produção de suor pelas glândulas
sudoríparas. Quando o suor evapora, perdemos calor. O cérebro também promove a dilatação de vasos sanguíneos da pele. Com
isso, a superfície do corpo recebe mais sangue e o calor pode sair mais facilmente. 5
O ser vivo envelhece e morre, mas antes disso ele se reproduz. Os filhotes são semelhante aos
pais, esse fenômeno chama-se hereditariedade.
Quanto à reprodução, ela pode ser assexuada ou sexuada.
O gene e o Controle das Características Hereditárias: a reprodução e a hereditariedade dependem do DNA (ácido desoxirribonucléico). O DNA se localiza em filamentos chamados cromossomos, no interior das células.
A estrutura conhecida como gene corresponde a um segmento ou pedaço da molécula de DNA. Os
genes contêm as informações responsáveis pelas características do indivíduo. O organismo dos seres
vivos trabalha de acordo com as ordens do DNA.
As características de um organismo não dependem apenas do DNA, o meio ambiente também é importante. As características são o resultado de um trabalho conjunto do gene e do meio ambiente.
Outra propriedade do DNA da qual a hereditariedade depende é da sua capacidade de se duplicar,
formando cópias exatamente iguais.
Reprodução Assexuada: nessa reprodução um pedaço do corpo do ser vivo se separa, cresce
e origina um novo indivíduo.Na reprodução assexuada, os decendentes recebem cópias iguais do
DNA do indivíduo original e, conseqüentemente, possuem as mesmas características
Reprodução Sexuada: é o tipo de reprodução realizada pela união de células especializadas, o gameta. Na maioria dos casos, a produção de gametas está ligada a uma diferença de sexo nos indivíduos
adultos: o sexo feminino, produz o gameta feminino chamado óvulo; o sexo masculino, produz o gameta masculino denominado espermatozóide.
Nos vegetais os nomes são diferentes: o gameta feminino é o oosfera, e o masculino é o anterozóide.
Quando ocorre a fecundação – união do espermatozóide com o óvulo – forma-se o zigoto ou célulaovo. O zigoto se divide várias vezes formando assim um novo indivíduo. Esse indivíduo possuirá genes da mãe e do pai; suas características serão resultado de uma combinação das características paternas e maternas.
7. Evolução:
É o processo pelo qual os seres vivos se transformam ao longo do tempo.
A reprodução assexuada é muito comum nos seres mais simples, principalmente nos unicelulares, como podemos
observar nessas figuras, a ameba e o paramécio se reproduzem por divisão simples, a hidra, um pequeno animal
aquático, apresenta reprodução por brotamento. 6
Mutação: o mecanismo de hereditariedade garante que os filhos sejam semelhantes aos pais.
Mas se esse mecanismo fosse infalível, as espécies não se modificariam ao longo do tempo. As espé-
cies hoje existentes são resultantes de espécies que existiram no passado e que sofreram transforma-
ções.Isso se deve, porque, às vezes, o DNA produz cópias com erro, que pode ser causado tanto por
uma falha durante a duplicação, como pela exposição do organismo à radiatividade ou a certos produtos químicos. Surge assim, uma molécula-filha, diferente da original. Isto se chama Mutação;
Seleção Natural: quando a mutação é vantajosa ela tende a se espalhar pela população. Mas
quando ela é prejudicial ela fica rara e pode desaparecer. O processo pelo qual o ambiente determina
quais os organismos com maior possibilidade de sobrevivência é chamado de seleção natural. A idéia
de seleção natural foi desenvolvida pelo cientista Charles Darwin.
As mariposas de Manchester: essas mariposas são um caso clássico de seleção natural. Com
o escurecimento do tronco das árvores, depois da instalação de fábricas próximas ao bosque, o número
de mariposas escuras aumentou. Hoje, porém, com o controle da poluição na Inglaterra, os troncos
voltaram a ficar claros e o número de mariposas brancas aumentou.
Adaptações de animais e plantas: Os vegetais são organismos que se originaram de seres que no
passado tinham nutrição autotrófica. O corpo ramificado das plantas, principalmente árvores, com a grande superfície de folhas funcionando como coletores de
energia solas, é uma adaptação ao modo autotrófico
de vida.
Já os animais são provenientes de seres que tinham
nutrição heterotrófica. O corpo compacto, os músculos e o sistema nervoso e sensorial são adaptações que
facilitam a busca de alimento e o deslocamento do
animal.
Existem muitos organismos que não podem ser representados como animais ou vegetais, pois se mantiveram parecidos com os seres iniciais e não chegaram a
desenvolver estruturas típicas de animais e vegetais.
Esses organismos estão representados pelas bactérias,
pelos protozoários, por algumas algas e pelos fungos.
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